Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.Olhei-a de um lado,
do outro e de frente: tinha um ar de
gota muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem
vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.Antonio Gedeão

2 comentários:
Grande poema, grande poema e grande verdade!!! Fico contente de não estar perante mais um nacionalista estúpido!!
Um bom poema, e muito actual. O racismo e a xenofobia andam por aí...
Bjinhos
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